Batendo Rodas

segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

Até no cinema tem escadas!!!

Pois é, gente! Fui ao cinema levar as meninas pra assistir ao desenho Enrolados, que é muito legal, por sinal. Eu já tinha ido ao cinema depois do acidente e foi muito bacana, tinha uma rampa interna e fiquei num local bem agradável, sentado em minha cadeira nos fundos da sala no Shoping Interlar Aricanduva. Já desta vez, chegando na sala de cinema, o local onde é reservado para cadeirantes fica bem na frente! Isso mesmo, na frente da sala, onde você fica com dores no pescoço e num enxerga direito de tão perto que fica da tela! Não tem nenhuma rampa de acesso dentro da sala, só esse lugar!! A sorte é que eu tenho amigos dispostos a ultrapassar as barreiras comigo. Se eu não consigo sozinho, alguem me ajuda! Meu irmão olhou para as escadas e disse: "Lé, agente sobe escadas todos os dias, num custa nada subir aqui também, num acha?", mais que depressa aceitei e logo subimos as escadas. Me transportei para a poltrona do cinema (a qual estava pagando num é verdade?) e meu irmão estacionaou a cadeira no cantinho da sala. Minhas filhas, que puxaram o pai no quesito "tiração de sarro" já lançaram: " Papai, você parece até normal sentado aí!". Detalhe: a minha mãe não conseguia parar de rir da cara do meu irmão por causa dos óculos 3D.

segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

Tem roupa pra cadeirante?

Alguns dias depois que sai do hospital e vim pra casa queria sair de novo e ir ao shoping. Quando chegamos, entramos por uma loja de roupas e meu irmão já anunciou: "Lé, vamos perguntar se tem roupa pra cadeirante nessa loja?". Eu mais que depressa aceitei. Começamos a procurar os vendedores. Como era horário de almoço, foi um pouco difícil encontrá-los. Mas, eis que surgem três vendedoras, que pela carinha, tinham acabado de almoçar. Meu irmão tocou minha cadeira até elas e já perguntei: "por favor, vocês tem roupa pra cadeirante?". eu achei que elas iriam rir da pegadinha ou até brincar também, mas, veio a surpresa: as três, ao mesmo tempo, responderam com ar de pena: " Num temos amigo, me desculpe!".
Meu irmão não aguentou e começou a dar risadas muito alto. Quando dei por mim, as três tinham sumido! O que será que elas pensaram: " Tadinho, vai ficar pelado na cadeira!" ou então: "Será que existe mesmo roupa pra cadeirante??!!". No mesmo dia, iríamos comprar calçados para minhas filhas e já veio a pergunta novamente. Me virei para o vendedor e lancei: " É... vocês tem sapatos pra cadeirantes?", ele respondeu:
"Num temos ... " mas com ar de dúvida, e logo consertou: "Ah! Temos sim, pode escolher!!!!". Esse estava esperto né? kkkk...

sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011

Se tivesse sido eu...

Hoje foi mais um dia no centro de recuperação da estação ciencias na Lapa. Achei que seria mais um dia de espera e de desculpas, mas correu tudo bem. Como de costume, eu e meu irmão Fabio chegamos e já fizemos a ficha de atendimento. Às 08 h mais ou menos fomos atendidos pela assistente social Juliana, que por sinal foi muito atenciosa e esclareceu algumas dúvidas que meu irmão tinha. Às 9 h, com a psicóloga Geralda, tambem muito atenciosa e gentil. Às 10h fomos para o lanche que o governo fornece aos pacientes e acompanhantes, ou cuidadores, mas, antes, fomos ao banheiro. Aí começa a pegadinha...
    Eu e meu irmão somos conhecidos lá por serem sorridentes e brincalhões. Com agente num tem tempo ruim, é só risada o tempo todo. Quando meu irmão vai a um banheiro público ele coloca papel em tudo, até no botão de descarga. Fez o que tinha de fazer e quando saiu, atropelei-o com minha cadeira. Tudo bem, foi só um tropeção! Fui na frente em direção à uma mesa e ele foi direto pra fila do lanche. Quando de repente, ouço uns burburinhos: - esse aí! De camisa azul, que tá na fila! Avisa ele... Meu irmão estava com um papel higiênico preso na cueca!! E o pior: ele deu ums três voltas completas sobre si mesmo (sabe quando um cachorro procura o próprio rabo?). Como agente é conhecido pela brincadeiras e pegadinhas, logo me culparam: Ah, foi o Eder, só pode ser! Se tivesse sido eu, não ficaria tão engraçado!!!

quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

Breve história...

Olá!! Meu nome é Eder, sou professor e músico. Fiquei paraplégico em Junho de 2010 e estou lutando numa recuperação ao lado de minha família e amigos. Pretendo abrir este local, juntamente com meu irmão Fabio, afim de trocar idéias e informações sobre a maioria dos assuntos envolvendo tecnologia e a luta diária de um cadeirante e seus amigos. Fiquei consciente na ocasião do acidente, era um Domingo e quando o elevador despencou, meu pai e herói teve a idéia de me suspender do chão com um abraço. Em fração de segundos (menos de um segundo) estava no térreo. Meu pai tinha absorvido todo o impacto, falecendo quase que instantaneamente, enquanto eu quebrei vertebra na altura da T8 e uma lesão no pulmão. Tenho certeza de que meu pai faria isso não só por mim, mas, por qualquer pessoa que tivesse ao seu lado naquele instante, pois, tinha um coração imenso e viveu sua vida intensamente para os seus filhos e esposa. Saudades de você pai!!!